O governo britânico delineou planos na quarta-feira para impedir que estados estrangeiros detenham a propriedade de jornais, o que poderia dar aos ministros o poder de bloquear a tentativa de compra do Telegraph pelo RedBird IMI, apoiado por Abu Dhabi.
A luta pela propriedade de um dos jornais mais famosos da Grã-Bretanha levantou questões sobre a independência dos meios de comunicação social e o papel dos investidores estrangeiros na aquisição da propriedade de ativos politicamente influentes. O Telegraph tem ligações estreitas com o Partido Conservador, que governa a Grã-Bretanha, e a luta política pela propriedade do jornal de 168 anos é tanto sobre poder e influência quanto sobre dinheiro.
Stephen Parkinson, o ministro da Cultura na Câmara dos Lordes, disse que o governo faria alterações através de uma emenda à legislação em tramitação no parlamento para prevenir a propriedade estrangeira de jornais por estados estrangeiros. “Vamos alterar o regime de fusão de mídia explicitamente para excluir fusões de jornais e revistas periódicas de notícias envolvendo propriedade, influência ou controle por estados estrangeiros”, informou Parkinson aos Lordes.
As mudanças propostas na lei bloqueariam efetivamente a oferta de aquisição do Telegraph pelo RedBird IMI, conforme atualmente estruturada, disse um funcionário do governo. O grupo também planejava comprar a revista de notícias Spectator.
O RedBird IMI, dirigido pelo ex-chefe da CNN Jeff Zucker e com a maioria de seu financiamento proveniente de Abu Dhabi, disse estar extremamente desapontado e que agora avaliaria seus próximos passos.
O acordo já está sob uma investigação separada com base nas leis existentes, mas o novo plano é mais explicitamente direcionado a prevenir o controle de jornais por estados estrangeiros.
A nova proibição do controle estrangeiro deverá ser votada na Câmara dos Lordes nas próximas semanas. Terá que ser aprovada lá e na Câmara dos Comuns inferior antes que as novas regras entrem em vigor.
Parkinson afirmou que as novas medidas criariam uma nova obrigação para o governo de encaminhar qualquer fusão de mídia relevante para a autoridade reguladora Competition and Markets Authority (CMA). Se a CMA determinar que a fusão “resultou, ou resultaria, em propriedade, influência ou controle de um empreendimento jornalístico por um estado estrangeiro”, então o governo seria legalmente obrigado a ordenar que a fusão fosse bloqueada ou desfeita.
Esta iniciativa surge num contexto em que se intensifica o debate sobre a regulamentação governamental e a independência dos meios de comunicação social, com especial atenção à propriedade estrangeira de jornais e à sua potencial influência editorial e política.