Desafios do sistema jurídico em Chipre
O sistema jurídico de Chipre enfrenta desafios notórios, tanto a nível local como internacional. A situação atual é tão grave que diversos acordos internacionais optam pela arbitragem ou submetem-se à jurisdição de tribunais estrangeiros, como os do Reino Unido. Este cenário é desolador para uma nação que aspira a tornar-se um
Anualmente, aproximadamente 10.000 casos legais são apresentados aos tribunais cipriotas, dos quais apenas cerca de 1.000 são efetivamente ouvidos. Acresce-se a isso um atraso médio de 3 a 5 anos para uma decisão inicial e, em caso de recurso, mais 2 a 3 anos de espera. Este panorama levanta questões sobre a eficácia do sistema judicial do país.
A demora na justiça resulta numa crescente desistência por parte dos cidadãos em reivindicar seus direitos, implicando custos adicionais e adiamentos constantes que, em um dos casos relatados, custaram a um cliente cerca de €2.500 sem sequer ter entrado em tribunal.
Essa lentidão tem incentivado infratores a persistirem em suas faltas, como o não pagamento de rendas e outras dívidas, sugerindo um colapso iminente do sistema. Aumentar o número de juízes não parece ser a solução absoluta, especialmente quando o contexto econômico eleva o número de litígios a um ponto que mesmo um incremento de 20% no quadro de magistrados não traria melhorias significativas nos tempos de decisão.
Em meio a essa situação, surgem figuras como “seguranças” assumindo papéis policiais e até judiciais. Há relatos de um ex-chefe da máfia atuando como juiz informal, onde conflitos são resolvidos após uma “audiência” e suas decisões são impostas por seguranças.
A dificuldade em iniciar uma ação legal também é exacerbada pela ineficiência ou corrupção dos oficiais de justiça, que frequentemente falham em entregar citações judiciais. Em um caso específico, foi necessário cortar o fornecimento de eletricidade para que o inquilino inadimplente emergisse e fosse finalmente citado.
Advogados também contribuem para o problema ao solicitarem adiamentos frequentes, que geram custos adicionais e perpetuam o ciclo de atrasos. Muitas vezes, para dívidas inferiores a €1.000, as partes optam por não tomar medidas legais, já que os custos judiciais superam o valor da própria dívida.
Estão em curso esforços para mitigar esses problemas, incluindo a introdução de profissionais como árbitros independentes. No entanto, até que essas iniciativas se tornem eficazes e aceitas pelo público, levará anos.
Enquanto isso, mesmo decisões arbitrais podem ser objeto de recurso em tribunais civis, o que nos remete ao ponto inicial do impasse judicial.