Escândalos na Igreja e Corrupção: Reflexões Durante a Quaresma
À medida que uma das datas mais importantes do cristianismo se aproxima, uma série de escândalos na igreja têm dominado as manchetes durante o período da Quaresma, levantando novamente a questão sobre a longevidade da impunidade que esta instituição, marcada pela corrupção, tem desfrutado ao longo dos séculos.
A comparação entre artistas da fraude, que enviam mensagens de phishing ou emails fraudulentos com promessas várias a pessoas crédulas, e monges que prometem milagres em troca de doações, é inevitável. No entanto, no caso dos últimos, o ato de enganar foi legitimado. A igreja possui um papel na sociedade que poderia ser positivo. Além disso, se as pessoas desejam acreditar em Deus, é um direito absoluto delas. Contudo, a sucessão de escândalos na igreja, culminando nos acontecimentos quase inacreditáveis recentemente descobertos no mosteiro de Avakoum, deveria fazer com que muitos crentes ortodoxos refletissem, e não apenas sobre a questão de dois monges terem relações sexuais.
A lista de transgressões cometidas pela igreja, especialmente no que toca às suas transações comerciais, é extensa demais para ser relatada, e o escândalo financeiro do mosteiro é provavelmente apenas a ponta do iceberg. Vale mencionar também a construção monástica que surgiu recentemente em Cape Greco, que a igreja foi especificamente instruída a não edificar em um sítio Natura.
Não se trata apenas de “algumas maçãs podres”. A liderança da igreja protege os seus enquanto consegue escapar impune, como observado durante o julgamento do ex-bispo de Kiti por assédio sexual no ano passado. Apesar dos escândalos na igreja estarem sob os olhos do público há décadas, uma pesquisa rápida após as notícias sobre o mosteiro de Avakoum revelou que 50% dos entrevistados disseram que isso não afetou sua visão da igreja.
É somente quando os fiéis tomarem consciência que a igreja poderá começar a limpar suas fileiras à medida que começa a perder seguidores e, por fim, receitas. Pessoas ao redor do mundo estão rejeitando o cristianismo devido às ações daqueles dentro de suas várias denominações, sendo a Igreja Católica um exemplo primário. A Igreja de Chipre não será imune a este declínio, mas é provável que leve mais uma geração, senão duas.
Os cipriotas tornaram-se insensíveis à corrupção, seja no âmbito político ou na igreja. Isso faz parte da vida. Esta é Chipre. É dentro destes parâmetros que a igreja opera e ela própria faz parte do problema. Que exemplo ela estabelece quando se trata de honestidade, verdade, moral e ética quando não respeita as leis do estado e faz o que bem entende? Não é de admirar que muitos indivíduos façam o mesmo?
As autoridades têm a oportunidade de dar uma lição à igreja se agirem com a devida severidade, como deveriam, em relação aos escândalos mais recentes envolvendo as transações financeiras do mosteiro, sua construção ilegal e o novo caso em Cape Greco. Resta saber se terão a coragem necessária.
