Compras de arte para empresas: uma mudança cultural com consequências fiscais
As compras de arte por empresas nas décadas de 1950 a 1970 refletiam um cenário onde a arte modernista preenchia os escritórios e era vista como um símbolo de cidadania corporativa. No entanto, nos anos 90, houve uma reviravolta no mercado com a venda maciça dessas coleções. A arquitetura corporativa moderna, incluindo o brutalismo, seguia a linha do museu Guggenheim, como observou o crítico Hilton Kramer, atraindo atenção para si mesma.
Essa imersão cultural não era apenas estética, mas tinha consequências fiscais significativas. Com uma alíquota de imposto corporativo federal de 52% até 1963 e 48% posteriormente, os gastos com cultura reduziam diretamente o lucro tributável das empresas, com o governo cobrindo metade dessas despesas. Os funcionários, enfrentando alíquotas marginais de até 91%, preferiam compensações não monetárias, como ingressos para eventos culturais e trabalhar em ambientes esteticamente valorizados.
Essa era cultural foi marcada por uma apreciação quase obrigatória pela arte moderna e música clássica. A vida corporativa estava impregnada de Cultura, e os funcionários, de executivos a assistentes, sentiam-se parte de um cenário culturalmente rico.
Contudo, após os anos 80, houve uma mudança cultural. As empresas adotaram uma postura mais casual e utilitária, com menos ênfase no apoio às artes. A redução da alíquota do imposto corporativo para 34% e depois para 21% diminuiu o valor das deduções fiscais para arte. Os funcionários passaram a preferir compensações em dinheiro, especialmente após a redução da alíquota máxima de imposto de renda para indivíduos para 28%.
A cultura foi substituída pelo dinheiro como forma preferencial de compensação quando as alíquotas fiscais foram reduzidas. O que antes era um investimento em cultura pelas empresas transformou-se em vendas de objetos de arte e uma preferência por dinheiro vivo.
Hoje em dia, é raro que funcionários corporativos sintam-se pressionados a ter opiniões sobre arte e música erudita. A era em que a cultura era parte integrante da identidade corporativa parece distante. Ainda assim, talvez exista um ponto de equilíbrio onde a cultura possa amadurecer organicamente, mesmo com taxas de impostos mais baixas, refletindo um novo paradigma na relação entre cultura, negócios e fiscalidade.




