A Pimenta Voatsiperifery e a sua Relevância Culinária e Medicinal
Considerada uma das melhores do mundo, a pimenta voatsiperifery é elogiada pela chef Anne-Sophie Pic, detentora de três estrelas Michelin, pela sua “complexidade, aroma amadeirado, ácido e picante”. Endémica de Madagáscar, esta pimenta selvagem ganhou popularidade há cerca de 15 anos e destaca-se pelo seu sabor subtil, mais aromático e menos picante que outras variedades.
Os grãos de pimenta voatsiperifery, quando secos, exalam aromas amadeirados, terrosos e frutados. Frescos, os seus sabores e aromas são ainda mais equilibrados. Apesar de não contribuir diretamente para a segurança alimentar, tornou-se uma fonte de prazer para gourmets e de rendimento para as populações que vivem nas margens das florestas.
Esta especiaria é um embaixador de Madagáscar, sendo a única exportada que é endémica da ilha principal. Os pequenos grãos redondos ou ovais crescem em cachos em longas lianas nas florestas naturais do leste da ilha, desde a costa até às terras altas centrais. A planta é dióica, com flores masculinas e femininas em plantas separadas.
Em malgaxe, voatsiperifery significa “fruto que faz desaparecer as feridas”, evidenciando as suas propriedades culinárias e medicinais. Tradicionalmente, as populações locais colhem e utilizam a tsiperifery não só na cozinha mas também na medicina tradicional e práticas espirituais.
A exploração da pimenta voatsiperifery depende de rotas comerciais estabelecidas: os coletores vendem a sua colheita a intermediários, que por sua vez a vendem a outros agentes económicos para processamento e exportação. Contudo, esta prática tem levado à ameaça de extinção da espécie e à destruição do seu habitat.
Estudos indicam que as lianas cultivadas são propriedade privada e estão melhor protegidas do que as silvestres. Programas de pesquisa liderados por institutos agrícolas francês e malgaxe estão a trabalhar com aldeias locais para dominar as primeiras etapas da propagação da planta.
A domesticação da pimenta voatsiperifery é um processo longo, mas já se observam resultados positivos. A densidade das lianas de tsiperifery aumentou significativamente nas áreas reflorestadas, incentivando as comunidades locais a replantar e monitorizar estas parcelas florestais. A pimenta passou de uma videira selvagem livremente acessível a um argumento a favor da conservação das florestas.
O caminho para a domesticação ainda é extenso, envolvendo estudos agronómicos e ajustes na cadeia de valor para garantir preços justos para os produtores locais. Este equilíbrio é crucial para assegurar a sustentabilidade tanto da pimenta quanto das florestas de Madagáscar.