Combate ao Tráfico de Seres Humanos para Chipre
Os traficantes de seres humanos estão a recorrer às redes sociais para publicitar viagens para Chipre, revelou o Ministro do Interior, Constantinos Ioannou. Durante um encontro com líderes locais, Ioannou descreveu o tráfico a partir do Líbano como um fenómeno alarmantemente rotineiro, apelando ao país vizinho para intensificar a detenção dos traficantes que operam no seu território.
Ao abordar a questão dos barcos de migrantes, o ministro sublinhou que Chipre, pela sua proximidade geográfica, se tornou o destino mais acessível para estas operações ilícitas, que geram milhões em receitas para os traficantes. A colaboração com as autoridades libanesas é vista como essencial para reforçar o policiamento costeiro e combater eficazmente este negócio.
Questionado sobre a possibilidade de impedir a entrada destes barcos em águas cipriotas, Ioannou reiterou o compromisso de Chipre com os acordos internacionais para a gestão de embarcações que se aproximam das suas águas territoriais. Ele destacou incidentes em que os ocupantes dos barcos de migrantes optaram por afundar suas embarcações, transformando a situação numa operação de busca e resgate.
O ministro também abordou a dificuldade prática de prevenir a entrada de pessoas nas águas territoriais, mencionando táticas desesperadas usadas pelos traficantes, como afundar embarcações ou atirar crianças ao mar para forçar a guarda costeira a agir.
Em relação ao retorno de migrantes para o Líbano, Ioannou referiu-se a uma “discordância informal” que facilitaria esses retornos, mas que foi recebida com resistência pela sociedade libanesa, resultando na recusa do Líbano em aceitar os barcos de volta. Sem o consentimento do país de destino, neste caso o Líbano, os retornos não são possíveis.
Quanto à realocação de migrantes para outros países, Chipre tem solicitado relocações obrigatórias para outros estados-membros da União Europeia, mas essa medida ainda não foi adotada. No entanto, existe cooperação com países como Alemanha e França para realocações voluntárias, permitindo que 1.100 migrantes deixassem Chipre durante o mês de março.
Apesar dessas medidas, a preocupação do governo com a situação em desenvolvimento permanece. Ioannou expressou apreensão quanto à tendência atual de chegadas diárias e as implicações que isso pode ter na infraestrutura, nos recursos humanos e na capacidade do país de gerir a situação.