Chipre está a debater a reforma do sistema de pensões
No coração do Mediterrâneo, Chipre enfrenta desafios significativos na modernização do seu sistema de pensões e na resolução dos problemas de sustentabilidade. As pensões múltiplas dos funcionários públicos surgiram como um dos principais pontos de discórdia, representando menos de 10% da pressão sobre o sistema. Este debate acontece num contexto onde a Europa não apresenta uma abordagem uniforme, deixando cada Estado-membro a gerir as suas pensões de forma independente.
Desde 1971, os sistemas de segurança social para empregados e trabalhadores por conta própria estão em vigor na Europa, regulamentados pelo Regulamento CEE 1408/71. Contudo, decisões judiciais e alterações legislativas nacionais tornaram o panorama especialmente complexo para as pensões de funcionários que ocuparam múltiplos cargos.
As regulamentações da UE sublinham o respeito pelos sistemas nacionais de segurança social, garantindo simultaneamente o tratamento igualitário dos cidadãos. Os esforços de modernização exigem equilibrar estes direitos com apelos por eficiência e transparência.
Propostas de mudança para funcionários governamentais
- O Ministério das Finanças propõe elevar a idade de reforma dos funcionários governamentais e parlamentares de 60 para 65 anos, alinhando-os com a população em geral.
- Uma segunda proposta incide sobre os funcionários governamentais, oferecendo um pagamento único mais elevado na reforma em troca da abolição das suas pensões. O método de cálculo do pagamento único varia consoante o cargo, com pagamentos mais altos para os altos funcionários.
Recomendações da Organização Internacional do Trabalho
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está a estudar o sistema de pensões cipriota. As suas recomendações preliminares destacam a necessidade de um sistema equilibrado e sustentável que aborde questões como taxas de natalidade baixas, população envelhecida, ajustes atuariais para reformas antecipadas, expansão das opções de pensões ocupacionais e o fim dos empréstimos sem juros ao governo a partir do Fundo de Seguro Social.
Benchmarking global
A Mercer, uma empresa de consultoria, analisou 47 sistemas de pensões globais, com modelos europeus a apresentarem os melhores desempenhos. Islândia, Países Baixos e Dinamarca lideram o Índice do Instituto CFA da Mercer graças aos seus grandes esquemas de contribuição definida bem financiados e participação obrigatória.
Um exemplo revelador é o da ex-Primeira-Ministra britânica Liz Truss em 2022, que teve o mandato mais curto na história do Reino Unido com 44 dias. Apesar da controvérsia gerada pela sua pensão anual de €133,000, é importante notar que os ex-Primeiros-Ministros do Reino Unido podem reivindicar a Public Duty Cost Allowance (PDCA), desde que não retornem a um cargo ministerial dentro de um período específico após deixarem o cargo.
Em Chipre, enquanto se debate a reforma do sistema de pensões, o mundo observa atentamente as medidas que serão tomadas para garantir um futuro financeiro sustentável para os seus cidadãos, refletindo um desafio global em adaptar sistemas sociais à realidade demográfica e económica contemporânea.