Finlândia Poderia Arrecadar Mais de Um Bilhão de Euros Fechando Lacunas Fiscais
Um novo relatório da ONG Finnwatch revelou que a Finlândia poderia aumentar suas receitas fiscais em mais de um bilhão de euros ao combater as diversas lacunas fiscais presentes na legislação tributária do país. A especialista em impostos da Finnwatch, Saara Hietanen, destacou que o sistema tributário atual é amplamente aproveitado por corporações e proprietários de negócios abastados para minimizar suas obrigações fiscais.
Segundo Hietanen, o relatório da Finnwatch listou mais de 40 áreas que necessitam de atenção, incluindo questões relacionadas à tributação das empresas, bem como a tributação de dividendos para empresas não listadas em bolsa. A especialista apontou ainda para problemas com brechas na dedução de juros e leis ineficazes que deveriam prevenir o planejamento estratégico para evitar impostos.
O documento também chamou a atenção para tratados fiscais desfavoráveis, instrumentos de investimento que adiam a tributação e cláusulas nas leis de herança que oferecem alívio fiscal quando há transferência de fortunas familiares. Hietanen sugeriu que o governo enfrentará decisões baseadas em valores ao tentar organizar as finanças do estado, ressaltando que a correção e aplicação efetiva das regras fiscais poderiam resultar em um acréscimo de mais de um bilhão de euros por ano para o estado.
O relatório também criticou a falta de transparência na tributação corporativa na Finlândia. Ao contrário de outros países, os nomes das empresas envolvidas em decisões judiciais não são publicados, e o uso do Registro Comercial Finlandês, que rastreia questões de propriedade empresarial para prevenir a evasão fiscal, é bastante limitado.
“Na Finlândia, muitas vezes imaginamos que somos um país modelo em termos de transparência da informação fiscal. Isso não é verdade. A falta de transparência perpetua os defeitos no sistema tributário”, afirmou Hietanen. A especialista acrescentou que a tributação é uma questão de direitos humanos e que organizações de direitos humanos têm pedido aos estados que implementem políticas fiscais progressivas e uma base tributária ampla.
Enquanto isso, o governo do Primeiro-Ministro Petteri Orpo está se preparando para elaborar o orçamento do próximo ano, um processo que começa na próxima semana. O Ministério das Finanças indicou que o estado precisa reduzir o déficit em quase três bilhões de euros ao longo de três anos.