Desafios no Sistema Educativo: Vítima de Abuso Escolar Ainda Convive com Agressores
Numa revelação surpreendente feita pelo deputado Alecos Tryfonides, após uma reunião do comité de educação da Casa que discutiu o bullying escolar e comportamentos delinquentes, soube-se que um aluno de um ginásio que foi vítima de abuso sexual por colegas ainda é obrigado a frequentar a mesma escola que os seus agressores, um mês e meio após o incidente.
“Um mês e meio depois deste triste incidente, e apesar das intervenções, a vítima permanece na mesma escola que os seus abusadores”, afirmou Tryfonides. “Ele não pode ir às aulas, não pode ir à escola, não pode ter uma vida normal porque os nossos procedimentos estão a ser adiados.”
A falha do sistema educativo em lidar com comportamentos violentos e abusivos resulta na continuação do sofrimento da vítima de abuso, que ainda é punida ao ter de frequentar a mesma escola que os seus agressores, que deveriam ter sido expulsos. A questão que se impõe é: que tipo de exemplo está a ser dado quando rapazes que assediam e abusam sexualmente de um colega não são sujeitos a punições drásticas?
É possível que os ofensores tenham sido suspensos da escola por alguns dias, mas a escola também deve ter a responsabilidade de proteger a vítima. E não oferece nenhuma proteção ao fazer com que o adolescente traumatizado encontre os seus agressores todos os dias na escola, se ele ainda lá vai. Segundo Tryfonides, ele não pode ir à escola, o que sugere que o nosso sistema educativo, nestas circunstâncias, está a punir o abusado em vez dos abusadores.
A desculpa da Ministra da Educação, Athena Michaelidou, foi a de que não existem estruturas para que alunos com mau comportamento sejam escolarizados separadamente. Ela mencionou que em breve haveria uma proposta para um programa alternativo que permitiria aos alunos sair da escola, assistir às aulas num centro de dia onde seriam apoiados por especialistas e depois regressar. É estranho que ela fale sobre uma proposta, quando já existe legislação desde 2021 prevendo a criação de centros de dia. Nada foi feito, embora a responsabilidade pertença tanto ao ministro anterior quanto a Michaelidou.
Embora não seja função do legislativo interferir no trabalho do executivo, o presidente do comité de Educação, Pavlos Mylonas, fez bem em ameaçar o governo. Ele disse que se até junho o comité não tivesse a proposta do ministério para a operação dos centros de proteção infantil, ele realizaria uma conferência de imprensa para denunciar o executivo e todos os responsáveis à polícia. Deve ser aplicada pressão sobre o ministério da educação, embora não haja garantia de que uma proposta apresentada em junho leve a ação em setembro.
Michaelidou pode falar bem sobre o sistema educativo, mas precisa entender que também são necessárias ações para alcançar seus objetivos elevados.
