Escalada de Tensões no Estreito de Ormuz
Numa manobra que intensifica as tensões regionais, Os Guardas Revolucionários do Irão apreenderam um navio de carga ligado a Israel, o MSC Aries, no Estreito de Ormuz. A agência estatal IRNA do Irão relatou o incidente, ocorrido poucos dias após avisos de Teerão sobre a possibilidade de fechar essa rota marítima vital.
Segundo relatos, um helicóptero dos Guardas Revolucionários abordou e levou para águas iranianas o navio de bandeira portuguesa MSC Aries. Agências de segurança marítima já haviam notificado sobre um navio que foi abordado e capturado por “autoridades regionais” na passagem entre os Emirados Árabes Unidos e o Irão.
O incidente ocorre em um contexto de crescente tensão na região desde o início da campanha de Israel em Gaza em outubro, com confrontos frequentes entre Israel e seus aliados, como os Estados Unidos, contra grupos alinhados com o Irão no Líbano, Síria, Iraque e Iêmen.
O Irão ameaçou retaliar pelos supostos ataques aéreos israelenses ao seu consulado em Damasco, na Síria, em 1º de abril, que resultaram na morte de sete oficiais dos Guardas Revolucionários, incluindo dois comandantes seniores.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, expressou na sexta-feira sua expectativa de um ataque iraniano a Israel “mais cedo do que tarde” e advertiu Teerão a não prosseguir. Em resposta aos relatórios sobre a apreensão do MSC Aries, o porta-voz militar de Israel, contra-almirante Daniel Hagari, declarou que “o Irão sofrerá consequências por optar por escalar ainda mais esta situação”.
Na terça-feira, o chefe naval dos Guardas Revolucionários, Alireza Tangsiri, afirmou que poderia fechar o Estreito de Ormuz se necessário. Tangsiri mencionou como ameaça a presença de Israel nos EAU, país com o qual Israel estabeleceu relações diplomáticas em 2020 como parte dos “Acordos de Abraão”, mediados pelos Estados Unidos.
O grupo Houthi apoiado pelo Irão no Iêmen tem perturbado o comércio global com ataques à navegação no Mar Vermelho há meses, visando embarcações ligadas a Israel em retaliação pela campanha israelense em Gaza. Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha realizaram ataques contra alvos Houthis em resposta aos ataques à navegação.
O Centro de Informações Marítimas Conjunto, operado por uma coalizão naval liderada pelo Ocidente, aconselhou as embarcações que pretendem navegar pelo Estreito de Ormuz, uma das rotas energéticas mais importantes do mundo, a exercerem cautela e a não permanecerem na área.