IESBA estabelece novos padrões éticos para o planeamento fiscal das empresas
Em resposta às crescentes preocupações com a evasão fiscal praticada por empresas multinacionais, o International Ethics Standards Board for Accountants (IESBA) revelou um conjunto de normas éticas destinadas ao planeamento fiscal das empresas. Estas normas sobre considerações éticas no planeamento fiscal e serviços relacionados definem um quadro de comportamentos esperados e ética para contabilistas, tendo sido certificadas pelo Public Interest Oversight Board e incorporadas no Código de Ética do IESBA.
Estas diretrizes surgem na sequência de estratégias fiscais controversas trazidas à luz do dia por meio de vazamentos de documentos confidenciais, conhecidos como Panama Papers e Pandora Papers, provenientes de firmas internacionais de contabilidade e advocacia. Apenas na semana passada, teve início o julgamento de 27 funcionários da firma de advocacia Mossack Fonseca, no Panamá.
Ao invés de adotar uma abordagem puramente mecânica e legalista, as normas visam fornecer um quadro baseado em princípios e um referencial ético global para os serviços e atividades de planeamento fiscal. Elas chegam num momento em que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também tem trabalhado para combater estratégias de evasão fiscal corporativa através das suas iniciativas de erosão da base tributável e transferência de lucros.
Gabriela Figueiredo Dias, presidente do IESBA, destacou a importância do dever dos contabilistas para com os seus clientes, sem perder de vista o seu dever fundamental para com o interesse público. “Como os escândalos dos últimos anos mostraram, embora alguns comportamentos possam ser legais à letra da lei em certas jurisdições, a ‘área cinzenta’ do planeamento fiscal nem sempre é o caminho ético a seguir”, afirmou Dias. As normas fornecem uma estrutura robusta para ajudar os contabilistas profissionais, bem como todos os outros assessores fiscais, a navegar nas decisões éticas nesta área complexa que são centrais para a confiança em todo o sistema.
Além de determinar que existe uma base credível para o arranjo de planeamento fiscal, espera-se que os contabilistas exerçam julgamento profissional e considerem as consequências reputacionais, comerciais e económicas mais amplas que possam surgir da forma como o público pode ver o arranjo. As normas entrarão em vigor a partir de 1 de julho de 2025, estabelecendo novos parâmetros para as normas de planeamento fiscal e reforçando as normas éticas na gestão fiscal das empresas.