Reconhecimento da Dor e do Impacto Humano na Guerra
Uma imagem capturada pelo fotógrafo da Reuters Mohammed Salem, que retrata uma mulher palestiniana a embalar o corpo da sua sobrinha de cinco anos, rendeu-lhe o prestigiado prémio World Press Photo of the Year 2024.
O poderoso trabalho de Salem mostra Inas Abu Maamar, de 36 anos, a chorar enquanto segura o corpo envolto em lençóis da pequena Saly na morgue do hospital. Rickey Rogers, Editor Global de Imagens e Vídeo da Reuters, expressou que, embora a fotografia não seja motivo de celebração, há um apreço pelo reconhecimento e pela oportunidade de partilhar a imagem com um público mais amplo. Ele destacou a esperança de Salem de que o prémio possa aumentar a consciência global sobre o impacto humano da guerra, especialmente nas crianças.
A Fundação World Press Photo, sediada em Amsterdã, enfatizou a importância de reconhecer os perigos enfrentados pelos jornalistas em zonas de conflito. No último ano, o número de jornalistas e colaboradores dos media mortos cobrindo o conflito entre Israel e o Hamas subiu para um número quase recorde. Joumana El Zein Khoury, diretora executiva da organização, ressaltou a necessidade de reconhecer o trauma vivido por estes profissionais para mostrar ao mundo o impacto humanitário da guerra.
Salem, um palestiniano de 39 anos que colabora com a Reuters desde 2003 e já foi laureado com um prémio na competição World Press Photo em 2010, capturou uma imagem que o júri descreveu como “composta com cuidado e respeito, oferecendo simultaneamente uma metáfora e um vislumbre literal de uma perda inimaginável”. O fotógrafo partilhou que a fotografia resume o sentido mais amplo do que estava a acontecer na Faixa de Gaza, capturando a confusão e ansiedade das pessoas à procura dos seus entes queridos.
A emoção transmitida pela fotografia foi descrita como “profundamente comovente” por Fiona Shields, membro do júri e chefe de fotografia no Guardian News & Media. A seleção dos vencedores ocorreu entre 61.062 entradas de 3.851 fotógrafos de 130 países.
Outros vencedores incluíram Lee-Ann Olwage da África do Sul na categoria história do ano e Alejandro Cegarra da Venezuela na categoria projetos de longo prazo. A fotógrafa ucraniana Julia Kochetova foi premiada na categoria formato aberto com “War is Personal”, uma obra que documenta a guerra no seu país através de uma combinação de imagens, poesia, áudio e música num estilo documental.