A Segurança Económica e a Política Industrial da UE
Numa altura em que a segurança económica se torna uma prioridade para a Comissão Europeia, a União Europeia (UE) vê-se na contingência de reavaliar o conceito de política industrial, intervindo no mercado para promover setores e empresas estratégicas. Esta abordagem, outrora desacreditada, surge como um meio para impulsionar o crescimento económico da UE.
A diversificação é um dos pilares desta estratégia. A recente crise energética evidenciou a importância de diversificar fontes de energia, uma lição que ressoa agora na busca por autonomia em matérias-primas críticas e terras raras, essenciais para a transição energética. A UE está, assim, empenhada em gerir as suas dependências e reforçar a resiliência das suas cadeias de abastecimento.
Alcançar escala é outro objetivo crucial. Enquanto a China aposta no capitalismo de estado para financiar empresas e ganhar vantagem em indústrias futuras, como as ligadas à transição verde, os Estados Unidos lideram em inovação, beneficiando de sinergias entre universidades e empresas, e de um setor público que motiva a inovação com preocupações de segurança e militares. A UE, por sua vez, enfrenta o desafio de alcançar essa escala, dada a fragmentação dos seus mercados de bens, serviços e capitais.
Diante deste cenário, a UE considera identificar indústrias estratégicas para o crescimento económico e apoiá-las na expansão. Esta mudança de paradigma surge num contexto onde políticas industriais são aplicadas globalmente, levando os economistas a debaterem não mais se devem ser aplicadas, mas sim como fazê-lo de forma produtiva e benéfica para o consumidor.
O Fundo Monetário Internacional sugere três diretrizes para políticas governamentais eficazes: capacidade administrativa para desenhar e implementar tais políticas; não discriminação contra empresas estrangeiras; e que as indústrias alvo gerem benefícios sociais tangíveis, como por exemplo, a promoção de setores com baixas emissões de carbono.
A política industrial apresenta riscos, mas a urgência da transição verde oferece oportunidades que a UE está preparada para aproveitar. Maria Demertzis, do think tank Bruegel em Bruxelas, destaca que justificar o uso da política industrial requer a presença de benefícios sociais claros, algo que a transição verde pode proporcionar.