A polícia italiana prendeu 13 guardas prisionais por suspeita de tortura
Numa ação que chocou a comunidade e levantou questões sobre o tratamento de detidos juvenis, a polícia italiana deteve 13 guardas prisionais sob a acusação de tortura e maus-tratos. Os procuradores de Milão, em declaração na segunda-feira, informaram que, além dos 13 guardas, dos quais 12 trabalham no centro de detenção juvenil Cesare Beccaria em Milão, outros oito oficiais foram suspensos.
O centro de detenção juvenil, que conta com uma equipe de 50 guardas, opera sem um diretor há 20 anos. A instituição não comentou imediatamente as prisões. Por outro lado, o principal sindicato dos guardas expressou estar “consternado” com as notícias da investigação. “Sabemos que os guardas penitenciários em toda a Itália atuam com profissionalismo e humanidade… No entanto, como sempre, confiamos no judiciário para esclarecer o assunto o mais rápido possível”, declarou o sindicato SAPPE.
A investigação teve origem em relatórios do Provedor dos Direitos dos Prisioneiros e envolveu testemunhos dos detidos e imagens de câmaras do interior da prisão, segundo os procuradores. Os supostos delitos ocorreram de 2022 até os dias atuais.
“É um caso doloroso e uma página negra na história das instituições”, disse Marcello Viola, procurador-chefe de Milão, durante uma conferência de imprensa. Ele acrescentou que os detidos eram algemados, de modo que não podiam se proteger, e espancados de maneira a não deixar marcas. “Os suspeitos acreditavam que suas ações eram justificadas como educativas, em resposta ao mau comportamento dos internos, mas isso era na verdade violência ilegal”, explicou a procuradora Letizia Mannella aos repórteres.
A Itália, assim como outros países europeus, enfrentou problemas recorrentes em suas prisões, com órgãos fiscalizadores apontando anos de subfinanciamento que levaram a superlotação massiva e condições de vida precárias para os internos. No entanto, o país tem uma população prisional juvenil relativamente baixa – embora em rápido crescimento. A organização de bem-estar dos prisioneiros Antigone informou que havia 532 detidos juvenis em 17 centros no final de fevereiro, um aumento em relação aos 381 de 2022.