Repatriamento de artefactos para a comunidade indígena
A Universidade de Cambridge anunciou o retorno de quatro lanças, que foram levadas da Austrália por um explorador britânico há mais de 250 anos, aos descendentes da comunidade indígena Gweagal, que as fabricou. Este gesto representa o mais recente ato de repatriamento de artefactos de alto perfil.
As lanças são os únicos remanescentes das cerca de 40 que James Cook e sua equipe retiraram do povo Gweagal na sua chegada à Austrália em 1770, marcando a primeira chegada conhecida de europeus à costa leste do país. Ao longo dos anos, povos indígenas de todo o mundo têm lutado para recuperar obras saqueadas por exploradores e colonizadores, e agora começam a receber de volta alguns desses tesouros.
Os esforços globais para corrigir os legados culturais do império têm visto a Alemanha e organizações britânicas devolverem os Bronzes de Benin à Nigéria, enquanto a Holanda restituiu pedras preciosas, prata e joias de ouro às suas antigas colónias asiáticas, Sri Lanka e Bali.
As lanças de madeira com múltiplas pontas do povo Gweagal fazem parte da coleção da Universidade de Cambridge desde 1771, quando foram apresentadas ao Trinity College. Serão devolvidas numa cerimónia na terça-feira, após um pedido inicial ter sido recusado há sete anos, devido a preocupações com a acomodação e conservação das lanças.
Noeleen Timbery, do La Perouse Local Aboriginal Land Council, expressou a importância deste ato: “Os nossos Anciãos trabalharam durante muitos anos para ver a propriedade transferida para os proprietários tradicionais da Baía de Botany. Elas (as lanças) são uma ligação importante ao nosso passado, às nossas tradições e práticas culturais, e aos nossos antepassados.”
Apesar do crescente movimento a favor do repatriamento de objetos nos últimos anos, algumas campanhas continuam a enfrentar resistência. Um exemplo notório é o pedido da Grécia pelas esculturas do Partenon, que o Museu Britânico considera emprestar apenas se Atenas reconhecer a propriedade do museu sobre as esculturas.
Enquanto a resolução do caso do Partenon parece distante, Cambridge poderá devolver mais itens no futuro. O Trinity College afirmou estar comprometido em rever os legados complexos do império britânico, particularmente em suas coleções.
