Escalada de Tensões entre o Tribunal de Contas e o Serviço Jurídico
O Tribunal de Contas, através do seu porta-voz Marios Petrides, afirmou na terça-feira estar preparado para enfrentar quaisquer medidas que visem a destituição do Auditor Geral Odysseas Michaelides. “Se quiserem avançar hoje, estamos prontos. No próximo mês, estamos prontos. No próximo ano, estamos prontos”, declarou Petrides, evidenciando uma postura desafiadora perante os recentes desenvolvimentos.
Segundo Petrides, há anos que existem informações sobre a intenção do serviço jurídico em tomar medidas para remover Michaelides do cargo. A situação ganhou contornos mais definidos durante as investigações dos chamados “passaportes dourados”, momento em que, segundo ele, as intenções do serviço jurídico se tornaram claras.
Michaelides está atualmente a trabalhar com o escritório de advocacia de Christos Clerides, George Triantafyllides e Pambos Ioannides, cujos serviços estão a ser pagos pelo próprio Michaelides de forma privada, como esclareceu o porta-voz.
Por outro lado, o serviço jurídico tem colaborado com as firmas L. Papaphilippou e Kallis & Kallis. Caso o caso chegue ao Supremo Tribunal de Justiça, o serviço jurídico não poderá aparecer simultaneamente como testemunha e representante de si próprio, o que justifica a necessidade de advogados externos.
Ainda não houve comentários imediatos do serviço jurídico sobre se e quando pretende levar o assunto ao Supremo Tribunal. As relações entre o Tribunal de Contas e o serviço jurídico têm sido tensas, tendo atingido um ponto crítico após declarações do vice-procurador-geral Savvas Angelides à Kathimerini no domingo, sugerindo que o Supremo Tribunal deveria decidir sobre a remoção de Michaelides.
O Auditor Geral descreveu as declarações como uma ameaça óbvia e um ato de vingança, após o Tribunal de Contas acusar Angelides de conflito de interesses por intervir na absolvição de um cliente da sua antiga firma de advocacia.
O Presidente Nikos Christodoulides, questionado sobre a possibilidade do serviço jurídico levar o caso ao Supremo Tribunal, respondeu: “Pode perguntar ao serviço jurídico. Não sou representante do serviço jurídico. Esta não é uma situação agradável”. Christodoulides frisou que já havia expressado no dia anterior que se trata de um “desenvolvimento muito desagradável” e apelou à colaboração entre as duas instituições independentes, conforme estabelecido pela constituição.
O presidente destacou ainda que o governo tem planos anunciados em 29 de janeiro para reformar as “duas principais instituições”, planos esses que estão em andamento e que “não têm nada a ver com os eventos recentes”. Tanto o serviço jurídico quanto o Tribunal de Contas são instituições independentes, cujos líderes só podem ser removidos por decisão do Supremo Tribunal ou se renunciarem voluntariamente.