Relatório dos EUA de 2023 Revela Preocupações com a Liberdade de Imprensa e Condições de Detenção em Chipre
O recente relatório sobre os direitos humanos em Chipre, publicado na terça-feira, trouxe à tona preocupações significativas relacionadas à liberdade de imprensa e às condições de detenção que ameaçam a vida nas prisões do norte da ilha.
Segundo o documento, as autoridades do norte tomaram “passos limitados e credíveis para identificar e punir oficiais que possam ter cometido abusos dos direitos humanos”. No entanto, o relatório aponta para uma “impunidade generalizada”. A corrupção grave no governo, o tráfico humano e a violência contra grupos minoritários também foram destacados, sem notar mudanças significativas na situação dos direitos humanos comparativamente à República.
O relatório detalha uma pesquisa que identifica a corrupção como o maior problema dentro da comunidade cipriota turca, com queixas de injustiça, partidarismo, corrupção e suborno. Além disso, menciona casos específicos de jornalistas enfrentando ações legais por parte de líderes políticos, como o processo de difamação movido pelo líder cipriota turco Ersin Tatar contra o jornalista Serhat Incirli, e a possível pena de prisão de 10 anos para o jornalista Ali Kismir por “humilhar o exército turco”.
O relatório também aborda a criminalização de insultos ao governo e oficiais cipriotas turcos, bem como ao governo turco e seus oficiais. No que diz respeito ao tratamento de migrantes, o relatório destaca o “refoulement” de refugiados ou requerentes de asilo para países onde poderiam enfrentar tortura ou perseguição.
ONGs relataram que refugiados enfrentam racismo, exploração e obstáculos para alcançar auto-suficiência e integração na sociedade. Segundo uma ONG, houve períodos longos de detenção para requerentes de asilo pendentes de deportação ou julgamento. Sírios que chegaram irregularmente foram detidos em média 31 dias antes da deportação, enquanto aqueles contrabandeados para o norte ficaram detidos até seis meses em prisões precárias.
O documento ainda aborda a discriminação enfrentada por trabalhadores domésticos estrangeiros e estudantes internacionais, que por vezes sofrem violência. Destaca-se também a discriminação contra Maronitas, que mantêm posse de propriedades no norte mas são impedidos de legar esses bens a herdeiros residentes na República de Chipre (ROC). Além disso, foram reportados casos de discriminação contra pessoas LGBTQI+ no emprego, habitação e acesso à educação ou cuidados de saúde, com muitos ocultando sua orientação sexual ou identidade de gênero para evitar discriminação potencial.