O Futuro do GNL na Europa e a Procura Crescente na Ásia
Numa recente conferência em Amesterdão, a FLAME 2024, especialistas do setor de gás natural debateram intensamente sobre o futuro das exportações de GNL, considerando o aumento da oferta dos EUA e do Qatar a partir de 2026 e a priorização da transição energética. A procura de GNL na Europa está em mudança, com uma redução no consumo de gás natural de cerca de 20%, devido a um inverno ameno, maior eficiência energética, crescimento das renováveis e contração industrial. Apesar da transição energética não estar a avançar tão rapidamente quanto desejado, a Europa continuará a depender do gás natural até os anos 2030, embora com uma demanda em declínio.
Com a demanda por GNL na Europa prevista para diminuir para cerca de 100 milhões de toneladas por ano até 2040, surge uma incerteza que torna desafiador o compromisso com contratos de longo prazo. O Green Deal da UE enfrenta críticas e parece perder direção, com a indústria manufatureira preocupada com a desindustrialização. Após as eleições de junho, espera-se que a atenção da UE se volte para defesa e segurança, possivelmente relegando o Green Deal a um segundo plano.
Por outro lado, o futuro do GNL parece estar na Ásia, particularmente na China e na Índia, onde o crescimento populacional e econômico mantém alta a demanda por gás natural. Espera-se que a Ásia represente cerca de metade do consumo global de energia até 2050. A China tem como objetivo aumentar a participação do gás natural em sua matriz energética de 8% em 2023 para 15% em 2030, enquanto a Índia pretende elevar o uso de gás de 6% para 15% até 2030. Prevê-se que a demanda global por GNL aumente para cerca de 700 milhões de toneladas por ano até 2040, liderada pela China, Índia e Japão.
Quanto à Europa, apesar da procura de GNL estar em declínio, ainda há espaço para novos projetos. A conferência FLAME destacou o potencial do gás do Mediterrâneo Oriental (East Med) e as perspectivas de exportação para mercados europeus e globais. A ExxonMobil, após descobertas significativas de gás na área, mantém planos ambiciosos que podem incluir a construção de uma planta de liquefação em Chipre para exportações de GNL. Embora as possibilidades para exportações de GNL de Chipre estejam melhorando, é necessário descobrir quantidades suficientes de gás para viabilizar projetos de exportação em grande escala.
Em resumo, enquanto a procura de GNL na Europa enfrenta um futuro incerto com a transição energética, a Ásia surge como o motor do crescimento futuro da demanda por GNL. As exportações de GNL continuarão sendo uma peça-chave no cenário energético global, com empresas como ExxonMobil, Chevron, Shell, Total e ENI prontas para capitalizar sobre as descobertas e demandas emergentes.