Economia alemã desafia expectativas com ajuda do sector da construção e exportações
A economia da Alemanha conseguiu evitar uma recessão no início do ano, registando um crescimento superior ao esperado, impulsionado pelo sector da construção e pelas exportações, revelaram dados preliminares na terça-feira. O Produto Interno Bruto (PIB) alemão cresceu ligeiramente no primeiro trimestre, com um aumento de 0,2 por cento em relação ao trimestre anterior, em termos ajustados. Analistas consultados pela Reuters previam um aumento de 0,1 por cento.
Este resultado acima do esperado não altera, contudo, a perspetiva partilhada por economistas de que as fraquezas estruturais limitarão a recuperação da Alemanha. “Em vez de uma retoma, apenas um crescimento moderado está à vista”, comentou Alexander Krueger, economista-chefe do Hauck Aufhaeuser Lampe Privatbank.
Os dados do PIB de terça-feira sucedem a indicadores de sentimento mais fortes e um aumento da atividade desde o início do ano, observou Carsten Brzeski, chefe global de macroeconomia da ING. “Além dos potenciais ventos contrários cíclicos, as bem conhecidas fraquezas estruturais da Alemanha não desaparecerão de um dia para o outro e limitarão o ritmo de qualquer recuperação este ano”, disse Brzeski.
O gabinete de estatísticas reviu os dados do último trimestre do ano passado, mostrando uma contração de 0,5 por cento, em vez da queda de 0,3 por cento que havia sido reportada anteriormente. A economia alemã, a maior da Europa, foi a mais fraca entre os seus grandes pares da zona euro no ano passado, afetada pelos altos custos energéticos, encomendas globais débeis e taxas de juro recordes.
A inflação deverá diminuir este ano, mas prevê-se que o crescimento permaneça relativamente fraco. Na semana passada, o governo alemão elevou a sua previsão de crescimento económico para este ano para 0,3 por cento, face aos 0,2 por cento anteriormente previstos. Espera-se que o consumo privado contribua com impulso ao crescimento à medida que os salários reais deverão aumentar num mercado de trabalho resiliente.
Dados do gabinete de estatísticas mostraram na terça-feira que as vendas a retalho alemãs aumentaram mais do que o esperado em março, subindo 1,8 por cento no mês, apontando para uma recuperação no consumo no final do trimestre e augurando boas perspetivas para a economia em geral.
No entanto, no primeiro trimestre como um todo, houve um declínio no consumo das famílias, disse o gabinete de estatísticas no seu comunicado de imprensa do PIB, sem fornecer mais detalhes.
Taxa de desemprego mantém-se inalterada
O crescimento económico anémico causou apenas danos limitados ao mercado de trabalho. O Gabinete Federal do Trabalho informou na terça-feira que o número de desempregados aumentou em 10.000 em termos ajustados sazonalmente. Analistas consultados pela Reuters esperavam que esse número aumentasse em 9.000. A taxa de desemprego ajustada sazonalmente manteve-se inalterada em 5,9 por cento.
“Embora a economia alemã tenha enfrentado dificuldades durante dois anos, a situação no mercado de trabalho permanece robusta”, disse Daniel Terzenbach, do Gabinete Federal do Trabalho, na apresentação dos dados. Havia 701.000 vagas de emprego em abril, 72.000 a menos do que há um ano atrás, indicando uma desaceleração na procura de trabalho.
O mercado de trabalho é um indicador que fica atrás da economia mais ampla. “Os recentes dados macroeconómicos positivos só se refletirão nos números do mercado de trabalho com um atraso”, disse Marc Schattenberg, economista e especialista em mercado de trabalho do Deutsche Bank.
