Orangotango de Sumatra Utiliza Terapia Vegetal em Tratamento de Feridas
Um fascinante comportamento foi observado em Rakus, um orangotango macho de Sumatra, que após sofrer uma lesão facial, recorreu a uma terapia vegetal para o tratamento de feridas. Cientistas do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha, ficaram surpreendidos ao testemunhar o uso intencional de uma planta com propriedades medicinais pelo animal.
Rakus mastigou as folhas de uma planta conhecida como Akar Kuning, ou Fibraurea tinctoria, criando um líquido que aplicou repetidamente na ferida. A planta, que possui qualidades antibacterianas, anti-inflamatórias, antifúngicas e antioxidantes, foi também consumida por Rakus, algo raro entre os orangotangos da área de turfeira onde vive.
Isabelle Laumer, primatologista e bióloga cognitiva e autora principal do estudo publicado na revista
Caroline Schuppli, bióloga evolutiva e autora sênior do estudo, destacou a importância da observação: “Isso sugere que as capacidades cognitivas necessárias para o comportamento – tratamento ativo de feridas com plantas – podem ser tão antigas quanto o último ancestral comum de orangotangos e humanos.”
Os pesquisadores notaram que a ferida de Rakus cicatrizou em cinco dias sem sinais de infeção, indicando a eficácia do tratamento de feridas à base de plantas. Ainda que não seja claro até que ponto os orangotangos compreendem esse processo, a habilidade de Rakus em tratar sua própria lesão pode ter surgido através de inovação individual acidental ou aprendizado social.
Os orangotangos são conhecidos por suas altas habilidades cognitivas e capacidade de resolver problemas. A população onde foi feita esta observação é conhecida pelo seu rico repertório cultural, incluindo o uso de ferramentas em diferentes contextos. A descoberta não apenas lança luz sobre as práticas de terapia vegetal no reino animal, mas também oferece insights sobre a conexão entre humanos e orangotangos, que compartilham aproximadamente 97% do nosso DNA.
O estudo destaca a importância da conservação dos orangotangos e dos seus habitats naturais, não só pela sua proximidade genética com os humanos, mas também pelo seu potencial para nos ensinar sobre o uso de recursos naturais na medicina.