O Peso Crescente dos Impostos Ambientais
Numa altura em que os impostos corporativos têm sofrido aumentos significativos e os limiares congelados empurram milhares para escalões fiscais mais altos, uma categoria de impostos tem vindo a ganhar destaque pelos motivos errados. De acordo com os dados mais recentes do Office for National Statistics (ONS), os impostos ambientais estão a atingir recordes anuais, levantando questões sobre a sua verdadeira finalidade na luta contra as alterações climáticas.
Embora poucos discordem da necessidade de combater as mudanças climáticas, e os impostos verdes possam ser uma ferramenta para mudar o nosso comportamento, a realidade é que estes têm sido transformados num imposto furtivo pelo Tesouro. Esta tendência crescente ameaça causar ainda mais danos a uma economia que já se encontra sobrecarregada pelo peso de um Estado demasiado poderoso.
No Reino Unido, o número de tributações tem aumentado rapidamente, tornando-se uma carga para os contribuintes e as empresas. Em 2023, o país arrecadou 52,5 mil milhões de libras em impostos ambientais, um aumento de 4,9% em relação ao ano anterior, aproximando-se do pico pré-pandémico. Desde o ano 2000, a receita gerada por estes impostos quase duplicou, com o imposto sobre combustíveis a contribuir com quase 25 mil milhões de libras.
As famílias sentem o impacto destas medidas, tendo pago em média 623 libras em impostos verdes em 2021, um aumento face aos 575 libras de 2020. Estes impostos representaram 5,5% da receita governamental e retiraram 2% do PIB total em 2022. E isto antes das potenciais novas medidas do secretário das alterações climáticas, Ed Miliband, que poderão incluir taxas adicionais sobre viagens aéreas de classe executiva e restrições fiscais para projetos não ecológicos.
Contudo, muitos economistas defendem que deveriam ser impostas taxas mais elevadas para reduzir as emissões. No entanto, argumentam que o dinheiro arrecadado com os impostos ambientais deveria ser compensado por reduções noutros locais, tornando o impacto na receita global neutro e o mecanismo menos opaco. Por exemplo, as empresas poderiam pagar pelo comércio de emissões, mas isso seria compensado por impostos corporativos mais baixos ou o dever sobre passageiros aéreos equilibrado por um imposto sobre o rendimento ligeiramente inferior.
A continuação desta tendência poderá sufocar a economia e alimentar a hostilidade em relação ao projeto de descarbonização. A população deseja contribuir para a redução das emissões, mas sente-se frustrada quando lhe são impostas tecnologias indesejadas ou inacessíveis e quando o Governo parece utilizar este projeto para aumentar os impostos de forma dissimulada. Com sondagens a indicar que o público está a tornar-se menos entusiasta em relação ao objetivo de zero emissões líquidas até 2050, é tempo de repensar a abordagem aos impostos ambientais.