Aumentam as agressões físicas a políticos alemães
À medida que as campanhas para as eleições do Parlamento Europeu e dos conselhos distritais ganham ritmo na Alemanha, relatos de ataques a políticos começam a surgir com preocupante frequência. Matthias Ecke, um membro do Parlamento Europeu, foi brutalmente agredido em Dresden, necessitando de cirurgia devido aos ferimentos. Em Nordhorn, ovos foram lançados contra um legislador, seguidos de um soco no rosto. Já em Berlim, um senador foi atingido na cabeça com uma bolsa por um pensionista.
Segundo o Escritório Federal de Polícia Criminal da Alemanha, houve um aumento significativo nos assaltos causando lesão física. Este ano já foram registados 22 ataques a políticos, um número que se aproxima rapidamente dos 27 incidentes reportados durante todo o ano de 2023. Analistas e partidos políticos apontam para uma mudança no clima social, exacerbado por disputas acirradas nas redes sociais e pela polarização e retórica da política populista.
Stefan Marschall, cientista político da Universidade de Duesseldorf, observa uma “polarização afetiva”, onde os dissidentes são vistos como “inimigos”. A Reuters conversou com diversos políticos que relataram ataques físicos e verbais. Muitos expressam preocupação de que o clima hostil possa desencorajar candidatos ou ativistas, influenciando o resultado das eleições. Michael Mueller, candidato pelos Social-Democratas (SPD), viu sua casa incendiada após organizar um protesto contra o extremismo.
Os dados governamentais indicam que os ataques verbais e físicos a políticos na Alemanha mais do que duplicaram desde 2019. Os membros do partido Os Verdes, parceiro na coligação do Chanceler Olaf Scholz, foram os mais afetados, com 1.219 incidentes reportados no último ano, um aumento sete vezes maior em comparação a 2019. Seguem-se o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) com 478 incidentes e o SPD com 420.
Os políticos do SPD e dos Verdes atribuem o agravamento do ambiente e o aumento dos confrontos à retórica da AfD. Niklas Nienass, membro do Parlamento Europeu pelos Verdes, menciona que insultos e ameaças se tornaram quase rotineiros. A AfD rejeita tais acusações, com a co-líder Alice Weidel classificando as tentativas de usar os ataques para ganhos políticos como “vil e irresponsável”.
Em resposta ao ambiente cada vez mais hostil, alguns políticos estão evitando publicitar eventos de campanha com antecedência e deixando de identificar seus veículos para reduzir o risco de serem alvo de ataques. O Ministro do Interior Nancy Faeser expressou a intenção de aumentar as penalidades legais para ataques a políticos e ativistas e reforçar a proteção policial durante as campanhas.
No entanto, os políticos nas regiões orientais da Alemanha estão tomando suas próprias precauções e realizando mais oficinas de segurança. Luis Schaefer, líder dos Verdes na cidade oriental de Gera, enfatiza a importância de não arriscar a segurança pessoal ao confrontar indivíduos danificando material de campanha.
