O parlamento da Geórgia aprova controverso projeto de lei sobre “agentes estrangeiros”
Numa sessão marcada por tensões e confrontos físicos entre membros do partido governante e da oposição, O parlamento da Geórgia aprovou um projeto de lei sobre “agentes estrangeiros” na sua última leitura. A medida, que agora segue para a Presidente Salome Zourabichvili, enfrenta uma promessa de veto, embora este possa ser anulado por uma nova votação parlamentar, onde o partido no poder detém a maioria.
A legislação em questão tem suscitado críticas tanto a nível nacional como internacional, com acusações de que espelha políticas autoritárias e inspiradas na Rússia.
Os opositores do projeto, que apelidaram a medida de “lei russa”, veem-na como um teste decisivo para o futuro geopolítico da Geórgia: ou mantém o curso de integração com a Europa ou reorienta-se em direção à influência russa. Em resposta à aprovação do projeto, manifestantes reuniram-se em protesto, rotulando os legisladores de “escravos” e “russos”.
As demonstrações, que têm ocorrido há semanas e intensificam-se ao anoitecer, são algumas das maiores desde a independência da Geórgia em 1991. A União Europeia, que concedeu à Geórgia o estatuto de candidato em dezembro, já expressou que a nova lei constituirá um obstáculo à integração do país no bloco.
Enquanto isso, o partido Georgian Dream reafirma o seu desejo de adesão à UE e à NATO, apesar da recente retórica antiocidental. As sondagens indicam um forte apoio público georgiano à integração na UE, contrastando com sentimentos hostis em relação à Rússia, especialmente devido ao apoio de Moscovo às regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia.
Países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Itália e França apelaram à Geórgia para retirar o projeto de lei. Por sua vez, o Kremlin nega qualquer envolvimento na inspiração da proposta legislativa georgiana, descrevendo as reações externas como uma intervenção nos assuntos internos da Geórgia.