Investigação pioneira sobre a poluição por pesticidas no ambiente marinho de Chipre
Uma equipa de cientistas liderada por Dr. Ime Akanyeti e Dr. Beste Oymen, em colaboração com o Enalia Physis Environmental Research Centre, lançou-se numa missão inovadora para identificar e quantificar os pesticidas no ambiente marinho de Chipre. Este projeto, financiado pela União Europeia e intitulado PestSeaCides, representa a primeira investigação focada na poluição causada pelos pesticidas utilizados em terra no meio marinho.
O PestSeaCides visa compreender como os pesticidas são transportados das águas superficiais e subterrâneas para o ambiente marinho, determinar o estado atual da poluição por pesticidas, e promover legislação eficaz alinhada com as normas da UE. Além disso, pretende-se colmatar uma lacuna significativa de conhecimento, influenciar a mudança de atitudes e perceções sobre os pesticidas através da educação e sensibilização, e partilhar descobertas científicas para despertar interesse na comunidade científica.
Os pesticidas são substâncias químicas utilizadas na agricultura para proteger as culturas contra insetos, fungos, ervas daninhas e outras pragas, desempenhando também um papel na proteção da saúde pública ao controlar vetores de doenças tropicais. Contudo, estes produtos podem induzir efeitos adversos à saúde, incluindo câncer e impactos nos sistemas reprodutivo, imunológico e nervoso.
Em 2017, Chipre registou as taxas mais elevadas de excedência dos limites máximos de resíduos (LMR) para alimentos e rações animais em pesticidas, e em 2020 foi o terceiro país com taxas de excedência dos LMR para pesticidas. O relatório da União Europeia de 2020 sobre resíduos de pesticidas em alimentos revelou a presença de múltiplos resíduos em amostras de 30 países, com até 35 pesticidas diferentes identificados numa única amostra de morango.
A importância de estudar os pesticidas no ambiente marinho é reforçada pelos resultados dos programas de monitorização que fornecem informações valiosas para estimar a exposição dietética dos consumidores da UE. Em 2020, amostras de peixe analisadas abrangiam um escopo analítico de 318 pesticidas, revelando que 6.3% das amostras tinham níveis de resíduos de pesticidas no limite ou acima do quantificável. Resíduos foram encontrados em espécies marinhas como salmão do Pacífico, robalo, arenque, bonito do Atlântico, entre outros.
No entanto, não existem LMR aplicáveis a peixes sob o Regulamento (CE) Nº 396/2005. A toxicidade dos pesticidas em ambientes aquáticos pode causar mortalidade, falha reprodutiva e outras complicações na saúde dos peixes, colocando em risco a população humana que consome estes produtos. Para reduzir a exposição aos pesticidas, recomenda-se escolhas mais inteligentes nas compras, cozinhar e descascar os produtos e optar por frutas e vegetais com menores quantidades de resíduos de pesticidas.
