Donald Trump encarou um banco de câmeras dentro da Trump Tower na sexta-feira e entregou uma mensagem adequada tanto para suas batalhas legais quanto políticas: Ele está pronto para lutar. Um dia após um júri de Nova York considerá-lo culpado de 34 acusações relacionadas à falsificação de documentos para esconder pagamentos de suborno a uma estrela pornô, o candidato presidencial republicano enumerou uma lista de adversários e queixas em declarações iradas e divagantes.
Ele chamou o juiz Juan Merchan, que presidiu seu julgamento, de “corrupto” e “um diabo”. Descreveu o democrata Joe Biden, seu rival na eleição de 5 de novembro, como “o pior presidente da história do nosso país”. Criticou as testemunhas que depuseram contra ele, os membros do Congresso que votaram para impeachment e – ecoando sua retórica de comício – os imigrantes que, segundo ele, estavam entrando ilegalmente no país.
Trump implorou aos apoiadores que doassem para sua campanha, enquadrando os desafios diante dele como sendo maiores do que apenas os seus.
“Façam isso,” disse ele, “porque estamos lutando pela América.”
Angariação de Fundos para a Campanha
Enquanto seus outros discursos de campanha frequentemente eram pontuados com humor, este foi principalmente sombrio. Trump segurava apenas uma pequena página de notas durante a conferência de imprensa. No final, não respondeu a perguntas e retirou-se rapidamente do púlpito com seu filho, Eric Trump, ao seu lado.
Longe das câmeras, através de apelos de angariação de fundos e nas redes sociais, os aliados do ex-presidente também atacaram o sistema judicial e qualquer um que ousasse sugerir que Trump havia cometido um crime.
Em uma corrida onde ambos os principais candidatos retrataram um ao outro como uma ameaça à nação, a campanha de Biden aproveitou as declarações de Trump como nova evidência de que ele não está apto para servir.
“A América acabou de testemunhar um Donald Trump confuso, desesperado e derrotado divagar sobre suas próprias queixas pessoais e mentir sobre o sistema judicial americano, deixando qualquer um que assistisse com uma conclusão óbvia: Este homem não pode ser presidente dos Estados Unidos,” disse Michael Tyler, diretor de comunicações da campanha de Biden, em um comunicado.
Os apoiadores de Trump – a maioria dos quais vê o veredicto de Nova York como uma injustiça – inundaram sua campanha com $34,8 milhões em doações apenas na quinta-feira, disse a equipe de Trump. Esse foi um recorde de um dia para Trump no WinRed, uma plataforma que lida com angariação de fundos digital para republicanos.
A campanha, que está atrás de Biden em angariação total de fundos, procurou manter o ritmo na sexta-feira, disparando uma série de mensagens alarmantes de angariação de fundos para os apoiadores.
“O DIA MAIS SOMBRIO DA HISTÓRIA AMERICANA!” dizia uma mensagem.
“EU NUNCA VOU ME RENDER!” bradava outra após a conferência de imprensa de Trump.
Sem Espaço para Dissidência
Quase todos os oficiais e organizações republicanas alinharam-se atrás do ex-presidente, argumentando que o julgamento foi falho, as acusações nunca deveriam ter sido feitas, o júri em Manhattan fortemente democrata estava comprometido e o juiz era tendencioso – alegações que as autoridades locais negam.
Onde as condenações dos republicanos não foram rápidas ou fortes o suficiente, aliados e assessores da campanha de Trump atacaram.
O co-gerente da campanha de Trump, Chris LaCivita, desprezou um grupo nacional republicano universitário cuja postagem na plataforma social X dizia que o veredicto do júri deveria ser respeitado.
“Opiniões são como traseiros… todo mundo tem um…,” postou LaCivita.
Ele também mirou em Larry Hogan, um ex-governador republicano moderado em Maryland concorrendo a uma vaga no Senado, que antes do veredicto alertou os americanos “a não jogar combustível no fogo com mais partidarismo tóxico.”
“Você acabou de encerrar sua campanha,” respondeu LaCivita no X.
Em entrevistas com eleitores republicanos nos estados decisivos da Pensilvânia e Geórgia, vários disseram que a condenação de Trump os estava fazendo repensar seu apoio a ele em novembro.
Tais deserções poderiam prejudicá-lo em sua revanche com Biden, dado o avanço estreito de Trump em vários estados decisivos.
Mas a maioria dos republicanos entrevistados soava muito como o próprio Trump, chamando o julgamento de farsa.
“É tudo político, só para prejudicá-lo e mantê-lo fora da trilha da campanha o máximo possível,” disse Scott Clayton, 62 anos, um policial aposentado em Marietta, Geórgia.
“Se eles podem fazer isso com ele, podem fazer com qualquer um. Absolutamente ninguém está seguro.”
