Quase 130 países reafirmaram na quinta-feira o compromisso com o primeiro pilar de um acordo fiscal global, enquanto os investidores se questionam sobre o impacto que poderão esperar. O acordo é estruturado em dois pilares e espera-se que tenha maior impacto sobre multinacionais altamente lucrativas. É também abrangente, uma vez que os países que assinaram o Acordo Fiscal Global, mediado pela OCDE, representam mais de 90% do PIB global.
Este acordo histórico visa reformar as regras fiscais internacionais, particularmente para multinacionais com receitas superiores a $992 milhões (cerca de €750 milhões). Com os prazos de implementação em junho a aproximarem-se, os investidores estão a analisar atentamente o potencial impacto em várias indústrias e estratégias de investimento.
Foco na Afetação de Lucros
O Pilar Um, também conhecido como a “Abordagem Unificada”, foca-se na afetação de lucros. Uma parte dos lucros das grandes e altamente lucrativas multinacionais será realocada para mercados onde geram vendas significativas e sustentadas, não apenas onde têm sede. Isto poderá beneficiar países com grandes bases de consumidores como a Índia ou o Brasil, potencialmente aumentando a receita fiscal para esses governos e impulsionando programas de infraestrutura ou sociais.
Uma Taxa Mínima Global de Imposto
O Pilar Dois introduz uma taxa mínima global de imposto de 15%. O objetivo é conter os paraísos fiscais e parar a corrida para o fundo em termos de taxas de imposto corporativo mais baixas. Este segundo pilar está a ser recebido com mais resistência, e alguns detalhes ainda estão a ser negociados. Estes incluem a definição exata de “entidades multinacionais abrangidas” (critérios para inclusão e exceções) e o cronograma para implementação.
Os investidores em empresas que dependem fortemente de jurisdições de baixo imposto, como Irlanda ou Bermudas, podem ver um aumento nas taxas efetivas de imposto, o que poderá potencialmente impactar as previsões de lucros.
O Impacto do Acordo Fiscal Global Variará Entre Indústrias
O impacto do Acordo Fiscal Global variará entre indústrias, e existem algumas nuances dentro dos setores. Empresas de tecnologia com alcance global e vendas digitais significativas poderão enfrentar maiores faturas fiscais nos mercados consumidores, potencialmente impactando suas projeções de crescimento. No entanto, indústrias com forte presença física em países de baixo imposto, como farmacêutica ou manufatura, podem ver um cenário misto. Embora a taxa mínima possa aumentar sua carga fiscal, também pode reduzir o incentivo para concorrentes se relocarem apenas por motivos fiscais, potencialmente levando a um ambiente operacional mais estável.
Potenciais Implicações a Longo Prazo
O Acordo Fiscal Global tem o potencial de criar um ambiente fiscal mais previsível no geral. Isto poderá beneficiar os investidores ao reduzir a incerteza e potencialmente levar a uma alocação mais eficiente de capital através das fronteiras. No entanto, os efeitos a longo prazo sobre o crescimento económico, padrões de investimento e comportamento corporativo ainda estão por ver. Os investidores são encorajados a monitorizar os desenvolvimentos contínuos e realizar análises detalhadas para adaptar seus portfólios conforme necessário.
Conclusão: O Acordo Fiscal Global é um desenvolvimento significativo com potenciais implicações para os retornos dos investidores. Embora alguns setores possam enfrentar aumentos na carga fiscal, o acordo visa criar um ambiente fiscal mais previsível. Os investidores devem considerar cuidadosamente o impacto potencial em seus portfólios através de diferentes indústrias e ajustar suas estratégias conforme necessário.