Desde a noite de domingo, todos temos lido bastante sobre o sucesso eleitoral de um jovem que conseguiu garantir um dos seis assentos no Parlamento Europeu. Alguns descreveram isso como uma punição ao sistema político, enquanto outros chamaram de uma forma de ‘revolução’ pelo eleitorado.
Agora que já se passaram vários dias desde as eleições de 9 de junho, acredito que é hora de começar a olhar para as coisas com calma e sem emoção. Fidias é um jovem que é talvez o cipriota mais famoso internacionalmente, considerado (por consenso geral) bem-sucedido em seu campo, ganhando muito dinheiro, e que agora escolheu enfrentar um novo desafio (como muitos outros antes) … e ele conseguiu novamente. E certamente, ele não vai parar por aqui, pois seu sonho nunca foi se tornar um político ou um MEP.
Como você, notei muitos comemorando porque um indivíduo – um jovem – conseguiu obter mais votos do que a maioria dos partidos políticos. Eles viram nele um “exterminador do estabelecimento partidário” e aplaudiram isso. Outros começaram a ver isso como uma punição para um sistema corrupto.
Reflexão sobre o Contexto Cipriota
Nem uma revolução nem uma virada repentina para o sentimento anti-establishment ocorreram no domingo. Deixe-me lembrar que ainda vivemos na ilha de Chipre, que pode ostentar um belo sol e mar (favorecido pela maioria dos eleitores na capital), mas tem muito poucas revoluções ou até mesmo levantes em sua longa história.
Se algo nos caracteriza como povo, é nossa propensão para imitação e nossa facilidade em aceitar o que nos é servido por estrangeiros. Um olhar sobre a história do problema cipriota ilustra claramente isso. Então, não somos conhecidos por nosso espírito revolucionário…
Após o choque dos resultados eleitorais, um sentimento de admiração em relação a Fidias e sua conquista se instalou. Assim que surgiu a interpretação de que os partidos estavam sendo punidos, todos começaram a falar sobre ‘punir o sistema e o estabelecimento partidário’, e o número de figuras autoproclamadas anti-establishment cresceu.
Sério? Os cipriotas de repente se tornaram anti-establishment? Contra qual sistema eles estão se revoltando e como pretendem enfrentá-lo? Seria bom se alguém pudesse nos explicar o que querem dizer com isso e como planejam enfrentar o sistema.
Os jovens de 18 anos que apareceram para votar na manhã de domingo com suas mães são revolucionários ou anti-establishment? Ou aqueles que, em vez de dar uma razão direta para votar em Fidias, divagam quase apologeticamente, tentando justificar por que não votaram em um partido, escondendo-se atrás de platitudes como ‘são todos iguais’, ‘estamos cansados das mesmas caras’, e ‘chega de partidos’.
Deixe-me focar na frase ‘são todos iguais’ que ouvi repetida com bastante frequência: Alguém se deu ao trabalho de olhar quantos dos candidatos eram, de fato, ‘as mesmas caras’? Certamente não, porque se tivessem, teriam visto que a maioria dos candidatos não só eram novos na cédula do Parlamento Europeu, mas também eram estreantes em qualquer eleição.
Fidias pode ter escolhido ir contra o sistema pessoalmente e fazer coisas que 99.9999% dos cipriotas não ousariam, mas ele não liderou uma revolução. Ele optou por um caminho diferente daquele traçado pelo sistema cipriota, que tipicamente valoriza diplomas universitários. Quantas pessoas você conhece que ousariam fazer algo semelhante?
Vamos começar com uma revolução contra o sistema de aulas particulares antes de passarmos para qualquer outra coisa…
