A Semana de Quatro Dias: Um Novo Paradigma Laboral?
Desde o século XIX, a redução do horário de trabalho tem sido um indicador de progresso nos países desenvolvidos. A semana de quatro dias, uma ideia que surgiu nos anos 90, está novamente em voga, impulsionada pela pandemia e pela busca de um melhor equilíbrio entre vida profissional e familiar.
A semana de quatro dias foi inicialmente proposta pelo economista francês Pierre Larrouturou em 1993, como uma solução para o desemprego. Empresas como a Danone e a Volkswagen adotaram a ideia, embora temporariamente. Hoje, com as mudanças trazidas pelo trabalho remoto e a flexibilidade laboral, 56% dos trabalhadores britânicos aceitariam ganhar menos em troca de mais tempo livre.
Na Nova Zelândia, o governo introduziu a semana de quatro dias pós-pandemia para aumentar a produtividade e melhorar o equilíbrio trabalho-vida. No Japão, empresas como a Hitachi e a Microsoft reportaram melhorias significativas na produtividade com esta medida. Na Europa, países do norte, bem como o Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal e França, estão explorando esta reforma.
Uma semana de quatro dias ou uma semana comprimida em quatro dias?
A Bélgica e os países nórdicos adotaram um modelo onde as horas de trabalho são mantidas, mas concentradas em quatro dias. Na França, uma tentativa semelhante fracassou devido às longas jornadas que dificultavam a conciliação com a vida familiar.
Trabalhar menos, trabalhar melhor
A verdadeira semana de quatro dias implica numa jornada de 32 horas, com um enfoque na produtividade e na eliminação do tempo improdutivo. Este modelo está sendo implementado no sul da Europa, incluindo Espanha e Portugal.
A tecnologia e a inteligência artificial generativa prometem compensar qualquer perda de produtividade. Bill Gates até menciona a iminência de uma semana de três dias. O desafio atual é redefinir o trabalho em termos de tempo, não espaço.
Rumo a um novo paradigma de trabalho?
Além da quantidade de horas trabalhadas, é necessário repensar a natureza do trabalho. A reorganização das horas laborais por si só não garante o engajamento dos colaboradores. Fatores motivacionais como valorização do trabalho realizado, autonomia dos funcionários e tarefas interessantes são essenciais para a satisfação pessoal.
O livro “Ecotopia”, de Ernest Callenbach, sugere uma utopia onde as pessoas trabalham apenas 22 horas por semana, priorizando atividades sociais, políticas, culturais e ambientais. Este conceito defende o bem-estar coletivo acima do sucesso individual.
Com uma expectativa de vida cada vez maior e o trabalho ocupando menos tempo em nossas vidas, é imperativo imaginar não apenas uma nova forma de trabalhar, mas um novo modo de viver.