Empresas europeias na corrida pela computação quântica
Na vanguarda da inovação tecnológica, empresas europeias estão a apostar nas oportunidades transformadoras que os computadores quânticos prometem oferecer. Estas máquinas, que operam com base nos princípios da física quântica e têm o potencial de superar os computadores clássicos mais rápidos, poderão revolucionar áreas como a descoberta de medicamentos, trazendo avanços significativos para a saúde.
Dr. Cyril Allouche, líder em computação quântica na empresa francesa Eviden, partilha que a computação clássica está a atingir os seus limites em diversos campos, incluindo a descoberta de fármacos. “Esperamos que a computação quântica possa quebrar essa barreira”, afirma Allouche, antevendo novos medicamentos e a redução de doenças.
A Europa, embora menos visível do que as grandes empresas americanas no setor, não fica atrás na determinação de estar na linha da frente das tecnologias emergentes para saúde, energia e cibersegurança. A decisão de investir agora em projectos de investigação pode ser crucial para manter a competitividade.
A computação quântica diferencia-se por permitir uma “superposição” do zero e do um, possibilitando ao sistema operativo ocupar dois estados simultaneamente. Esta capacidade de realizar duas operações ao mesmo tempo poderia acelerar drasticamente o tempo necessário para certos cálculos.
O projeto NEASQC, financiado pela UE e liderado por Allouche, é um exemplo dessa busca por avanços, reunindo universidades e empresas como a AstraZeneca e a HSBC Bank. O projeto explora nove casos de uso em segredo por razões competitivas, utilizando emuladores para simular o desempenho de um computador quântico.
Outra iniciativa da UE, o QUCATS, visa promover as tecnologias quânticas na Europa através da coordenação de esforços dispersos pelo continente. Sob a direção do Professor Philippe Grangier, do CNRS francês, o projeto procura posicionar a Europa como um “Vale Quântico” mundial.
Dr. Thierry Botter, diretor executivo do QuIC, reforça que as empresas europeias já estão a avaliar o que a computação quântica pode oferecer-lhes. A Airbus é um exemplo de empresa que investiga como esta nova tecnologia pode melhorar o design de aviões e a eficiência do consumo de combustível.
No entanto, a Europa enfrenta desafios de investimento. Um estudo de 2022 do Banco Europeu de Investimento revelou que, apesar de haver um número semelhante de empresas quânticas na Europa e nos EUA, as empresas americanas recebem dez vezes mais financiamento. Botter apela à UE e aos Estados-Membros para disponibilizarem mais capital para as empresas europeias neste campo.
Artigo originalmente publicado na Horizon, a revista de Investigação e Inovação da UE.
