**Regulamentação financeira pode levar a alterações no modelo bancário livre no Reino Unido**
A Autoridade de Conduta Financeira (FCA) do Reino Unido sinalizou que não se oporá a mudanças no modelo bancário livre do país, caso os bancos decidam introduzir taxas bancárias para contas correntes como forma de compensar os custos crescentes da regulamentação. Nikhil Rathi, CEO da FCA, em preparação para um discurso, defendeu as regras de Dever do Consumidor, com o objetivo de priorizar a proteção dos clientes do setor de retalho.
Rathi reconheceu preocupações sobre o papel da regulamentação na pressão sobre os modelos de negócios e margens bancárias, mas enfatizou que “se os modelos de negócios precisarem mudar em resposta à concorrência e a um mercado em mudança, não ficaríamos no caminho”. Ele também destacou que o modelo de ‘gratuito-se-em-crédito’ é uma decisão comercial e de mercado, não uma exigência regulatória, exceto para contas bancárias básicas.
Grupos de interesse do consumidor criticaram as declarações de Rathi, com Simon Youel, chefe de política e advocacia da Positive Money, descrevendo a potencial reforma como “extremamente preocupante”. Youel argumentou que as margens dos bancos não estão sendo comprimidas, citando lucros recordes impulsionados por taxas de juros mais altas que não foram repassadas aos depositantes.
Rathi, à frente da FCA desde outubro de 2020, mencionou que a aplicação do Dever do Consumidor poderia também reduzir as taxas de compensação impostas às empresas financeiras. O regulador pretende ser “pragmático” na aplicação dessas regras, focando em violações que representem o maior risco de dano, mas olhando “favoravelmente para empresas que fizeram esforços razoáveis para tratar preocupações”.
Além disso, Rathi destacou que a FCA visa “obter uma clareza mais cedo do que em eventos de reparação anteriores” sobre a escala de danos ao consumidor decorrentes de possíveis sobretaxas no financiamento automotivo. Grandes bancos britânicos já reservaram centenas de milhões de libras para cobrir possíveis ressarcimentos ligados à investigação da FCA, com estimativas de custos potenciais podendo atingir até 2 bilhões de libras.
A abordagem da FCA aos avanços em inteligência artificial (IA) nos serviços financeiros também foi mencionada por Rathi, indicando que o regulador não tem o instinto de buscar uma regulamentação imediata nesta área.
Com as possíveis mudanças no horizonte, a proteção dos clientes e a transparência nas taxas bancárias permanecem como pontos centrais no debate sobre a regulamentação financeira no Reino Unido.